terça-feira, 1 de junho de 2010

Nunca irá Ser…

A ansiedade das tuas palavras lava me o coração como areia grossa sobre um ferro cheio de ferrugem, desencasca me das crostas das feridas de morte que há pouco tempo ainda sangravam, bênção, comprometido por um amor maior que vive entre as nuvens e ar pesado que todos os dias, à mesma hora, baixa sobre ti como uma luz maior do Ser genuíno que És.


Mas é fulminante no meu pensamento, magneticamente de uma constante deslumbrante onde a beleza não existe apenas o desafio das palavras, a rapidez dos pensamentos, é desmembrante de novas palavras, de novos desejos, de ajustes directos, de verdades fortes, de vontades escondidas por entre os dedos e os cabelos molhados pelas ondas do Mar!


Só uma bússola suspensa e vazia determina o caminho traçado nas águas azuis e verdes, águas atentas aos movimentos suaves, subtis, perdidos por entre as pessoas insignificantes, marcas secas e brilhantes de seres magnificamente lentos, deslumbrantemente em paz, carregando no dorso o peso esquecido de uma vida curta, regada, orvalhada de outros destinos cruéis.


Dentro de um escabroso esboço de verdades que estampa a loucura do que todos somos comprimidos numa caixa de bainhas aguçadas, peculiar cratera, de laivos ovais, oleados pelas horas de delírio lunar de uma artéria a pulsar num pescoço de chamada permanente de ti, hipnotizada pelas desigualdades eclípticas de asas de ouro dos mitos da língua.


Nem o cume das tuas entranhas, o adorno dos teus ombros que me galanteiam, nem o útero que te revestiu da película da vida, nem a transparência que se segregou numa fé perdida pelo ofuscar do que sou, nem isso, faz tirar da tua mente a minha epiderme quente por entre as lajes que nos separam.


A uma polegada dos meus olhos, no equador do que represento em vida e em morte, de pauta em pauta, de nota em nota, danço sobre a chuva fina, tenra, gradual, metódica, numa rotação que os teus olhos adoram, que os teus pulsos ardem por ter, na extensão de pele, no ardor do momento que nunca existirá.

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