quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Zeros… 00h00

Horas, horas das horas que não quero ter, não vou esperar, não vou caminhar mais num sentido em que na verdade não quero caminhar, quero vivenciar, apreciar, saborear, mas não quero perder a ilusão que me faz ver com brilho.

Quando as cenas, os flashes vêm menos doces, menos contemplativos, menos presentes, quando se deixam vencer pela possessão, pelo ciúme do que não te pertence, rebato, vou para bem longe do que não quero ter!

Agrada me a pressão dos corpos em reboliço, revejo os toques e a profundidade de um olhar “retinado”, elástico, volátil por entre os pensamentos de abandono do peso da realidade, dentro de um apetecer incontrolável inserido no controle.

A sombra das estrelas numa árvore caracterizada pela inconsciência, desmembrada por falta de amor, por falta de memória de viver, partindo um desatino espelhado, num sucesso de conquista tântrica a longo prazo.

O olhar prende se nos pés que articulam a micro descarga dos nervos que o corpo traz, o tremer da ânsia do que não foi, um agitar e balançar de encaixe pretendido, paredes de pele, que nos balizam.

Ancorados, carregados de pó numa traseira imaginária, por entre as lembranças das corridas, das loucuras, dos charcos, da água, do campo denso e quebrado pela colina em queda, em desespero das guias altas, esguias, altivas.

O conhecer o que será meu, talvez um dia, rotunda em espera pela volta que nos faz regressar a casa, pedra de calçada içada da pressão do caminho plano, manta sobre os ombros que te aquece a vontade de ficares.

Não tolero, não me dou, não me contento com a possessão, apenas a minha que trago nas veias mas que não exerço em ti porque não te quero, porque és meu sem ser, porque ainda não te abandonaste, porque nada disto é igual a mais nada.

Nada, é tudo o que terás de mim em possessão, em falta da verdade do que sentem os teus músculos, a tua força, o teu cerrar de dentes, a expressão de pulso do que pretendes esconder e rematas com falta de cuidado!

Cuidado, muito Cuidado… Porque o Nada pode Ser Tudo!