quarta-feira, 9 de junho de 2010

Árvore de Nós nos Pés da Raiz do Ser!

Gosto de pés e adoro árvores, vi este título, escrito na frente de alguém, achei que podia escrever milhões de frases comparativas com estes dois elementos, e achei bem, porque as árvores são como as pessoas mas com a diferença que quando derrubadas dificilmente se erguem de novo enquanto as pessoas quase sempre se levantam, mais fortes, mais conscientes e mais texturadas.

É no embalar das suas copas, na densidade das suas folhas, no refúgio que dão a tantos que se estendem de abraços e carícias soltas, de bondade caracterizada, de delicadeza de seda lisa, de emancipação permanente, de crescimentos constantes, com o único objectivo de chegar aos céus, tocar nas nuvens, fazer cócegas ao sol.

Em ventos fortes, perturbadas pela agressividade, pelo desassossego do momento, a inércia não faz parte e a força é constante para que o regresso ao sossego seja rápido, têm que ser rápido para que nada fique abalado, nada fique frágil, embora as terras se deitem aos pés da tolerância calculada pela Natureza.

Fundo, bem fundo perfuram a Terra com delicadeza, como uma dança de sedução e criação, cada vez mais fundo ficam garantidas as presas que alimentam os ramos, ficam deliciadas as folhas verdes e leves que se regam ao sol e à chuva, e bebem do castanho, escuro, denso, nutritivo o desejo de trazer mais a si mesma.

Mas as árvores deitam sementes, leva-as o vento, proliferam por entre as ervas quentes e tenras, e novas árvores germinam, braços abertos, folhas, bebés que alegres bebem os líquidos preciosos que o Mundo lhes dá, generoso antes que algo de agitado aconteça, antes que ainda frágeis encontrem a força que os pode destruir.

Ambiente sereno, pés no chão macio e natural, ansiedade de paz, harmonia dos nervos, pele quente, ardente em membrana transparente de elos de aço, guias caídas, soltas e livres, abafo dos teus braços, chega te a mim, devagar, delicado, cuidado, sou de diamante refinado, sou de milhões de pontos de luz feita, sou o teu chão.

E só no cimo da árvore gigante que existe em ti consegues ver os meus pés marcados na tua terra sólida do deserto que és, quando por perto não estou.