terça-feira, 1 de junho de 2010

O Último Minuto do Meu Dia…

Maquilhada pelas lágrimas que madrugada a dentro, cedo me escorregaram e lamberam as mãos, senti que não seria um dia feliz, dormida, pesada e nada descansada, abri os olhos numa manhã de sol terno e afável, recolhida por um abraço materno que conhece a minha dor talvez melhor que eu mesma, achei que não podia continuar a rotina de forma nenhuma.

Conduzida pelo caminho aos destinos, a primeira espera foi longa mas cuidadosa, fiz o caminho mais longo, porque o tempo sobrava e era me cúmplice, passos fortes e despachados deixaram me o odor no corpo do que me tinha esquecido de fazer e embora chegada ao pretendido, o objectivo ficou pendente nesta etapa e aguarda a minha volta em breve.

Deitada no verde-escuro da minha alma, sinto as energias fluírem pelo meu corpo como intervalos de cura e desapego anunciando o sossego, a harmonia, a calma e a paz que tanto tenho lutado para conseguir.

Vejo me rodeada de focos de luz limpa e sem precedentes que giram e descrevem formas incandescentes, bolhas de protecção para mim e para quem eu amo, existe um corte que me descansa momentaneamente e me faz ser ressonante e não me negar tanto.

Mas são as voltas em que se procura lugar para não ficar fechado num sítio que não é nosso que traz as gargalhadas e traça novo destino… água, muita água, sabores e cheiros, vinho de cor esmeralda que nos liberta e desperta para o melhor que a vida tem e perfura as capas e lança a boa disposição, as gargalhadas, a conversa séria que inala inteligência e se prende ao desafio.

Passo após passo, o frio faz a demanda, as letras acompanham nos lado a lado no chão negro que recebe o branco forte das palavras sem lhe dedicar muita atenção no primeiro trilho.

Mas há mais branco, o branco das mesas, das cadeiras, das toalhas, das paredes fatiadas e vergadas ao reflexo do vidro que nos separa das dragas, dos pequenos barcos alegrados por minúsculas luzes e pelas chávenas abertas para o líquido do bule estilizado que as faz úteis.

E as palavras surgem sem esforço, a conversa do pai, da mãe, do irmão, da infância é inevitável faz parte de todos.

E no último minuto do meu dia que nunca antes tinha sido passado distante desta casa, uma voz a solo canta para mim o que nunca gostei de ouvir de tantos ao mesmo tempo e assim é vinculado o momento com o sobro de coração sobre a vela que ilumina cada lugar de branco.

Este é realmente um ano de mudanças… Parabéns a mim, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de Vida!

Um momento para sempre…

Despi me de mim mesma, como se a pele precisasse sair também, fui queimada, pisada, lambida, rasgada, esquecida para o fundo da memória eterna onde fui o último Ser a quem fizeste feliz.

Testar, apenas seria necessário testar as más pessoas e assim separar as melhores das menos boas mas também para esse passo teria sido preciso um pouco de maturidade, coragem e amor…

Amor que te reina e viverá para sempre em ti, as lágrimas não te largam e a vontade de voltar a trás não te deixará de assombrar mas era a mim que tinhas de defender, era a mim que tinhas que perguntar, era a mim que tinhas que respeitar, era a mim que as tuas palavras tinham de chegar…

E em momento algum tinha que ser perdida e em todos os momentos, tu tinhas a obrigação de me procurar e não achar que também isso, teria que fazer por ti.

Não, agora e para sempre, sejam em que moldes, forem a tua vida, acredita, serás sempre tu que me irás encontrar em todos os lugares, sítios e recantos de ti e da tua infinita memória de mim, em ti, em nós.

E imperfeita que sou, não deixarei, em instante algum que caias no falso alarme de não me olhares profundamente e me veres perfeita como sempre fui e serei para ti.

E assim carrego comigo a certeza inabalável do mais íntimo de ti, e face aos meus medos e aos Deuses que os governam dentro da minha essência, acredito numa só força capaz de mover um coração paralisado e fechado para si mesmo.

A cada dia que me vi em limite de vida, baleada por todo o lado, cansada, longe, fustigada, sangrando cada vez mais e mais, vergada mas não partida pela maldade dos outros e contra a qual tive que lutar permanentemente sozinha, o que me fez maior mal foi teres duvidado e esquecido de quem sou, o que fiz numa constância mais que presente e na altura que deverias ter estado a meu lado, nós fomos perdidos dentro de ti por motivos vãos e que te cortam por dentro a todos os segundos.

Mas erguida, vejo agora de cima, do topo de ti e percebo também a dimensão das tuas feridas, dos rasgos que te foram feitos, pelas palavras e pelos actos que te corroem, e que te leva a não olhar no espelho que já não guarda uma boa e bela imagem.

Apagado, rotineiro, acomodado, esquecido… É o que és sem nós!

Mas a energia em que te devolvo todos os dias, é a maior força que nos gere e compensa, fazendo o equilíbrio constante entre o certo e errado, e é dentro dela que me aconchego todos os tempos que tenho para ti, e será ela que te irá sarar e tornar tudo melhor.

Acredito que tudo é possível dentro de um desejo de Bem intocável e único.

O Amor é a Maior Força de Todas.

Conheci em tempos uma pessoa que se deixou levar pela vontade de atingir os seus limites em prol do amor, conhecia de uma forma esperada e compreendida e percebi que não só eu a conseguia compreender como apenas outro amigo.

Juntos e pelo que a Vida nos reservou percebemos a dor daquela pessoa pois nunca fizemos julgamentos sobre os seus actos face à prova implacável que tinha sido exposta.

Tudo muito confuso, injusto, mau, covarde prendia aquela pessoa a um dilema sem fim, entre projecções de palavras falsas e vontades desejadas mas nela apenas ficou o melhor.

No fim de todo o mal, do todo o cansaço, de toda a privação, de toda a mentira e covardia, colocando tudo em causa, até mesmo a sua existência face aos fracos, ela conseguiu ficar apenas com a parte que valia a pena, o amor que sente!

Não se acovardou, disse tudo o que sentia e lutou até ao fim de cabeça erguida, esquecida do que representa, apavorada por ter que começar tudo de novo, enfrentou a desilusão como talvez nunca o tivesse feito antes e acredita até hoje no melhor que alguém tem para dar.

Podemos falar, errar, pensar que é assim ou assado mas se o amor que é a maior e melhor força de todas for verdadeiro, só ele fica, só ele emerge da mágoa, da dor, da desilusão, das palavras más e pesadas, da falta do sorriso de sempre… só ele ficará vivo e batendo como um coração descompassado e feliz, só ele sobrevive a tudo, só o amor ficará…

E é esse o sentimento que todos devemos guardar no fim de tudo, por é ele que nos move… o amor por ti, por mim, pela família, pelos verdadeiros amigos, pelos nossos afazeres, pelos nossos objectivos, pela nossa luta… O Amor é o maior sobrevivente nesta vida.

Mas para um grande amor não há limites, apenas desejo de ser e fazer melhor mesmo errando, para o amor não existem barreiras, apenas formas de ficar ainda mais forte e estruturado, para o amor que não abandona a paixão mas é senhor de si, consciente da sua entrega e da sua vontade constante de se fazer amar, apenas existe quem amar.

Não há amigos, família, outras mulheres ou homens que o retirem do seu caminho, influências esmagadoras das quais consciente sabe não valerem nada, porque no fim só ele ficará à tona, respirando e elogiando o seu maior e absoluto conforto de Ser, de ser apenas o Amor!

Nunca irá Ser…

A ansiedade das tuas palavras lava me o coração como areia grossa sobre um ferro cheio de ferrugem, desencasca me das crostas das feridas de morte que há pouco tempo ainda sangravam, bênção, comprometido por um amor maior que vive entre as nuvens e ar pesado que todos os dias, à mesma hora, baixa sobre ti como uma luz maior do Ser genuíno que És.


Mas é fulminante no meu pensamento, magneticamente de uma constante deslumbrante onde a beleza não existe apenas o desafio das palavras, a rapidez dos pensamentos, é desmembrante de novas palavras, de novos desejos, de ajustes directos, de verdades fortes, de vontades escondidas por entre os dedos e os cabelos molhados pelas ondas do Mar!


Só uma bússola suspensa e vazia determina o caminho traçado nas águas azuis e verdes, águas atentas aos movimentos suaves, subtis, perdidos por entre as pessoas insignificantes, marcas secas e brilhantes de seres magnificamente lentos, deslumbrantemente em paz, carregando no dorso o peso esquecido de uma vida curta, regada, orvalhada de outros destinos cruéis.


Dentro de um escabroso esboço de verdades que estampa a loucura do que todos somos comprimidos numa caixa de bainhas aguçadas, peculiar cratera, de laivos ovais, oleados pelas horas de delírio lunar de uma artéria a pulsar num pescoço de chamada permanente de ti, hipnotizada pelas desigualdades eclípticas de asas de ouro dos mitos da língua.


Nem o cume das tuas entranhas, o adorno dos teus ombros que me galanteiam, nem o útero que te revestiu da película da vida, nem a transparência que se segregou numa fé perdida pelo ofuscar do que sou, nem isso, faz tirar da tua mente a minha epiderme quente por entre as lajes que nos separam.


A uma polegada dos meus olhos, no equador do que represento em vida e em morte, de pauta em pauta, de nota em nota, danço sobre a chuva fina, tenra, gradual, metódica, numa rotação que os teus olhos adoram, que os teus pulsos ardem por ter, na extensão de pele, no ardor do momento que nunca existirá.