sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Leveza da Conquista

Um dia de sol entre fumos e sabores acentuados, licores de terra, frutos de vida e pecado, olhares trocados, nem perdidos, nem achados, tão pouco perdidos, rendidos ao que nos faz bem, e transcende de uma melodia forte e detalhada, de um gosto a perfume marinado pelo aroma de laranjas amargas e ansiosas de um doce garantido, pormenorizado pelos pontos abertos do respirar.

Cuidado, as curvas são direitas para alguns elementos que dependem de apenas um olhar atento, uma perseguição sem sentido, de um cinza tenso, observado pela vaidade do que nenhum precisa ou quer, por um fio, por palavras vazias, por intenções nunca consumadas, de trocadilhos vulgares e frases atrapalhadas, de medos despertos, de telhados emadeirados, de falta de ar.

Um balanço subgénero, vejo por um espelho pequeno a tranquilidade de um conduzir descontraído, alcance inteiro, de sons sem importância, linhas rígidas sem existências, sem percalços, sem ancoragens, sem previsões, e de repente, a proposta chega, o desejo é evidente, e o corpo perde a vontade de estar presente, para que bem ausente te possa consumir a um nível superior.

E é raiva, deliberação de uma tentativa de esconder, numa sensação constante, presente, em memórias, em gestos, em sons, em vida que nos enrola, que nos faz rir, e onde a consciência impera, onde a leveza reina, a onde o descanso chega em profundidade e tudo se consome, e tudo se venera em certezas aprisionadas a uma liberdade incondicional, absoluta de ulterioridade.